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Travessia do Estreito de Tsugaru – Um dos Maiores Desafios do Planeta

O Estreito de Tsugaru, uma faixa de água que separa a ilha de Honshu da ilha de Hokkaido no Japão, é um marco geográfico notável tanto por sua beleza natural quanto por seu desafio esportivo. Com aproximadamente 19,5 quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, este estreito serve como uma ponte natural entre as culturas e climas distintos das duas ilhas, sendo uma peça central na geografia e na história japonesa.

Na comunidade de natação de maratona, o Estreito de Tsugaru é reconhecido como um dos desafios mais significativos e prestigiados. Fazendo parte da cobiçada Oceans Seven — uma lista que inclui as sete travessias de águas abertas mais desafiadoras do mundo —, essa travessia não é apenas uma prova de resistência física, mas também de força mental e preparo técnico.

Nadadores de todo o mundo são atraídos para o Estreito de Tsugaru, buscando conquistar não apenas as correntes frias e imprevisíveis, mas também um lugar na história da natação de longa distância. Através dos anos, este estreito viu histórias de triunfo pessoal e superação, tornando-se um símbolo de conquista pessoal e perseverança na comunidade global de natação.

O Estreito de Tsugaru no Japão

O Estreito de Tsugaru não só separa as ilhas japonesas de Honshu e Hokkaido mas também possui uma história rica que se entrelaça com a cultura e a economia da região. Tradicionalmente, este estreito tem sido uma rota crucial para a navegação e o comércio entre as ilhas, desempenhando um papel vital na unificação cultural e econômica do Japão.

O canal possui dois pontos principais de passagem, conhecidos como os pescoços oriental e ocidental, cada um com cerca de 20 km de largura. O pescoço oriental alcança profundidades máximas de 200 metros, enquanto o ocidental chega a 140 metros.

A importância do estreito foi ampliada com a construção do Túnel Seikan em 1988, que é um dos túneis ferroviários mais longos e profundos do mundo, ligando as duas ilhas sob o leito marinho.

Nas últimas décadas, o Estreito de Tsugaru também ganhou destaque no mundo da natação de maratona. Desde que David Yudovin, um renomado nadador de maratonas aquáticas, completou com sucesso a travessia em 1990, o estreito tem atraído nadadores internacionais, ansiosos por enfrentar suas águas desafiadoras e imprevisíveis.

História da Travessia de Tsugaru

A primeira travessia bem-sucedida do Estreito de Tsugaru é um marco memorável na história das maratonas aquáticas. Em 7 de julho de 1990, David Yudovin, um nadador americano, tornou-se a primeira pessoa a cruzar a nado o trecho entre Cape Kodomari em Honshu e Hokkaido.

Aos 38 anos, Yudovin completou os 29 quilômetros desafiadores em 13 horas e 10 minutos, um feito que não só provou a possibilidade de superar este percurso rigoroso mas também estabeleceu um padrão de coragem e perseverança para futuros nadadores.

Desde essa travessia pioneira, o Estreito de Tsugaru tem sido visto como um dos desafios mais formidáveis na comunidade de natação de maratona. Até julho de 2023, apenas 37 pessoas conseguiram completar o trecho entre Cape Kodomari e Hokkaido. Dentre essas, apenas uma travessia foi bem-sucedida no ano de 2023, sublinhando a dificuldade e a exclusividade desta conquista. Considerando todos os trechos possíveis do estreito, cerca de 60 pessoas ao todo conseguiram realizar essa proeza.

Essas estatísticas não apenas demonstram a severidade das condições de nado no Tsugaru, mas também o profundo significado que cada travessia bem-sucedida carrega. Cada nadador que enfrenta e supera o Tsugaru não só desafia as correntes frias e fortes, mas também se inscreve numa história de conquista e determinação humana contra adversidades naturais formidáveis.

Rotas e Recordes

O Estreito de Tsugaru, com suas correntes transversais de oeste para leste que mudam de velocidade, mas não de direção com as marés, apresenta um desafio único para os nadadores. Existem cinco rotas que foram oficialmente completadas, cada uma com suas características e recordes impressionantes.

Cape Kodomari (Honshu) até Hokkaido

A rota mais popular começa em Cape Kodomari, na península ocidental de Honshu. Esta rota é preferida porque, embora adicione cerca de 10 km à distância total, oferece maior margem para alcançar Hokkaido.

Até o momento, 37 pessoas completaram esta travessia, com David Yudovin sendo o pioneiro em 1990. O recorde atual é de Mariel Hawley Dávila, que em 2018 cruzou em 6 horas, 20 minutos e 52 segundos.

Honshu até Hokkaido

Outra rota direta de Honshu a Hokkaido foi completada por 10 nadadores, sendo Miyuki Fujita a primeira em 2005. Attila Mányoki detém o recorde desta rota desde 2014, com um tempo de 7 horas e 29 minutos.

Cape Shirakami (Hokkaido) até Honshu

Da Cape Shirakami em Hokkaido a Honshu, apenas quatro nadadores conseguiram completar, com Steven Munatones estabelecendo o primeiro e o recorde de tempo em 1990, com 6 horas e 39 minutos.

Cape Tappi (Honshu) até Hokkaido

A rota de Cape Tappi, em Honshu, para Hokkaido foi concluída por três pessoas, todas lideradas por Steven Munatones em 1990, estabelecendo um recorde impressionante de 6 horas e 11 minutos.

Cape Oma (Honshu) até Hokkaido

Finalmente, a travessia de Cape Oma em Honshu até Hokkaido foi realizada apenas por Elizabeth Fry em 2016, marcando um tempo de 15 horas e 48 minutos.

Essas rotas e recordes sublinham a diversidade de desafios e conquistas que caracterizam a travessia do Estreito de Tsugaru, solidificando seu status como uma das maratonas aquáticas mais desafiadoras do mundo.

Quando Participar

Desafios Ambientais

O Estreito de Tsugaru, conhecido por sua imprevisibilidade, apresenta desafios ambientais significativos para os nadadores de maratonas aquáticas. Influenciado por fatores como o terremoto de Tohoku em 2011 e a Corrente Kuroshio, o estreito se torna um palco de condições marítimas que mudam rapidamente, dificultando a previsão de correntes.

Mudanças Sazonais

Essas mudanças são frequentemente reportadas pelos pescadores locais, que notam uma aceleração das correntes desde o terremoto, com relatos de que, em 2023, as correntes estavam excepcionalmente rápidas em comparação com as condições históricas mais favoráveis para a natação.

Além disso, as alterações climáticas têm impactado o tipo de peixes encontrados no estreito, embora não tenham tornado a travessia impossível. A melhor época para tentar a travessia é durante o solstício de verão, nos meses de junho e julho, quando as condições são mais propícias, apesar dos desafios.

O mês de junho é marcado por ventos do nordeste que agitam as águas, criando condições ideais para nadadores acostumados com águas frias. Em contraste, julho coincide com a estação chuvosa, tornando-se menos ideal para travessias.

Além do mais, julho é uma época em que os pescadores locais preferem que os nadadores não estejam nas águas, possivelmente devido à intensa atividade pesqueira ou pela preocupação com a segurança dos nadadores em meio às condições adversas.

Portanto, planejar uma travessia no Estreito de Tsugaru exige não apenas preparação física e técnica, mas também um cuidadoso estudo das condições meteorológicas e oceânicas, bem como uma coordenação com as comunidades locais, especialmente os pescadores, para garantir uma tentativa segura e respeitosa com o meio ambiente e as atividades econômicas da região.

Regulamentações Importantes

A Travessia do Estreito de Tsugaru apresenta um conjunto de desafios únicos, não apenas devido às suas condições naturais adversas, mas também por conta das complexidades geopolíticas e regulamentações rigorosas impostas pela Guarda Costeira Japonesa.

Este estreito internacional, frequentado por navios cargueiros e de marinhas de diversos de países como China e Rússia, tem visto um aumento na complexidade de sua navegação e maior movimentação de embarcações.

Guarda Costeira e Regulamentações

Historicamente, a Guarda Costeira Japonesa tem sido cética em relação às travessias do Estreito de Tsugaru, sempre com um enfoque na segurança. A proibição de natação noturna é um exemplo de regulamentação rigorosa que permanece desafiadora para os nadadores, que devem completar suas travessias do nascer ao pôr do sol.

Além disso, a aprovação da Guarda Costeira pode facilitar as interações com os pescadores territoriais, tornando essencial a apresentação de toda a documentação necessária detalhando os horários e regras a serem seguidos para obter tal aprovação. Anteriormente, era necessário um relatório formal (‘todoke’), mas atualmente uma simples notificação (‘oshirase’) é suficiente.

Preocupações Locais

Existe um equilíbrio delicado entre os interesses dos nadadores e dos pescadores locais, especialmente em áreas próximas a Fukushima, onde os pescadores são particularmente territoriais. Os meses de junho e julho, que são ideais para a natação devido às condições climáticas, coincidem com os períodos de pico da pesca, aumentando o potencial para conflitos.

Os pescadores defendem fortemente suas áreas de pesca dentro de 2 a 3 milhas náuticas da costa de Fukushima, o que pode ter influenciado a decisão de evitar desembarques ao leste, em Shirakami, perto de Fukushima.

Além disso, desde o terremoto de 2011, pescadores relataram correntes mais rápidas no Estreito de Tsugaru. Mudanças rápidas nas condições do mar têm sido uma constante nos últimos anos, tornando extremamente difícil para os pescadores locais prever o momento e a força das correntes, o que também afeta a logística das travessias.

Assim, para os nadadores que desejam enfrentar o Estreito de Tsugaru, é essencial não apenas uma preparação física e técnica rigorosa, mas também um entendimento profundo das regulamentações locais e das dinâmicas geopolíticas que podem impactar sua travessia.

A colaboração com a Guarda Costeira e a comunidade local de pescadores é crucial para garantir que essa aventura desafiadora seja realizada com segurança e respeito mútuo pelos interesses em jogo.

Recomendações Para Nadadores

Planejar uma travessia independente no Estreito de Tsugaru é certamente viável, mas não sem enfrentar desafios significativos. Os nadadores devem estar cientes das barreiras de comunicação com os pilotos de barcos japoneses e da necessidade de obter as devidas permissões da Guarda Costeira. Uma falha em qualquer uma dessas áreas pode não apenas comprometer a segurança do nadador, mas também levar a acidentes graves que poderiam resultar em uma proibição futura de travessias no estreito.

A escolha do piloto do barco é crucial, pois seu conhecimento e experiência são essenciais para navegar com sucesso pelas correntes e ventos desafiadores do Estreito de Tsugaru. É importante que o nadador compreenda as regras internacionais de natação em canais e garanta que todos os envolvidos adiram a esses padrões.

Além disso, selecionar o ponto de partida e a rota adequada é vital para o sucesso da travessia. Escolhas estratégicas podem significativamente influenciar o resultado, tendo em vista as variáveis de correntes e condições meteorológicas.

Preparar-se para os desafios de comunicação também é fundamental, especialmente se você está organizando uma travessia independente. Esteja preparado para enfrentar barreiras linguísticas, incluindo o possível uso de dialetos locais pelos pilotos de barco.

Por fim, é essencial aderir rigorosamente às regulamentações da Guarda Costeira, particularmente aquelas relacionadas aos horários permitidos para as travessias. Certificar-se de que todas as regras são seguidas não apenas assegura a legalidade da sua travessia, mas também maximiza a segurança de todos os envolvidos.

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